terça-feira, 14 de junho de 2011

Voraz



Fico observando uma lagartixa colada no vidro da janela.
Minha mãe diria que ela não tem modos! Arreganhada desse jeito, toda exposta.
Minha filha se arrepiaria, sentiria medo, nojo. Não olharia.
Eu observo. Será que ela sabe que está assim tão exposta, tão vulnerável?
A lagartixa, no entanto, tem os olhos fitos nos insetos do jardim que pululam à luz da lua. Talvez nem se interesse em saber a nossa opinião. Despudoradamente deseja. Dane-se todo o resto.

De vez em quando me serviria ser uma lagartixa. Completamente focada em meus desejos. Grudada na tua janela despudoradamente.

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