sábado, 9 de abril de 2011

Pausa


- O gole tá pronto!
Mal tínhamos acabado de almoçar e ele gritava avisando que tinha acabado de passar o café. Eu subia as escadas que separavam nossas casas, atrás da minha mãe que geralmente ralhava comigo, porque queria que primeiro eu lavasse a louça do almoço. Mas aquele café era especial. Forte! Fortíssimo! não havia açúcar que o adoçasse. Era tomado em canecas de esmalte sempre descascadas em algum ponto. Os adultos aproveitavam a desculpa para fazer uma pausa no meio do dia, geralmente cansativo. Conversavam à beira do fogão à lenha onde ele teimava em fazer o café. A coadeira, o coador, o tanque cheio de roupas, os cachorros deitados no chão, o varal repleto. Todos em pausa pro gole do vô João.

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