quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Opostos
Ela acordou disposta! Uma fruta, iogurte desnatado, levedo de cerveja. Apanhou o cachorro de estimação e saiu para a caminhada habitual no calçadão. Seu companheiro inseparável, fielmente, ao lado.
A cabeça dele dói terrivelmente, na boca um gosto amargo. Sai da cama o mais rápido que consegue. Vomita. Torna a vomitar. Toma uma cerveja gelada para curar a ressaca. Algumas azeitonas ajudam. Com olhar piedoso, uma cadela acompanha tudo. Sempre ela! Somente ela!
O sol apenas começa a esquentar, a brisa da manhã torna a caminhada revigorante. Ao longe o mar. Perfeito: poucas pessoas, beleza ímpar. O cão também se delicia. Cheira tudo pelo caminho. Agita-se alegremente.
O sol lhe incomoda. Coloca os óculos escuros. Resolve sair para passear com sua fiel companheira. Só ela para tirá-lo de casa àquela hora. Sente-se péssimo. Exagerou. “Dane-se!” Estava aproveitando a vida. Um movimento mais brusco faz sua cabeça latejar. Admite, então: exagerou na dose! Precisa mudar, levar uma vida mais saudável. Sentado em um dos bancos do calçadão observa sua amiga brincando.
Um grito de mulher corta a, ainda silenciosa, manhã. Um belo cão corre pelo calçadão em sua direção, ou melhor, em direção à Sofia. A mulher repete o grito:
- Michael!
O cão para bruscamente. O homem pensa “Por que Michael?” Sofia esconde-se entre as pernas do dono. Michael é contido pela mulher.
- Assustou-se?
- Tive medo de que ele fosse para a avenida.
- Por que Michael?
- De Michael Jackson.
Risos.
- E ela como se chama?
- Sofia.
- Bonito!
- É.
- Acho que seu cão se encantou pela Sofia.
- Parece que sim.
- Quer tomar uma água de coco?
- Quero. Obrigada!
A manhã especialmente feita para eles, aos poucos, enche-se de outros personagens nos carros, no calçadão, na praia. A vida segue sem nenhum alarde. Os caminhos, vários. O deles, agora, um.
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